sábado, julho 26, 2003

Razao Impura


Inteligência sem lugar

A formiga de langton refere a certo passo que:

Na IA (Inteligência Artificial) que dela surge, reconheçe-se imediatamente um novo carácter: o seu lado massivamente distribuído por oposição a um comportamento pré-programado, simbólico e centralizado. ?Algo? vivo e inteligente que está em todos os lugares e não está em lugar nenhum. Uma ?coisa? inteligente, que vive na e da descentralização.

A propósito da chamada Swarm Intelligence aconselho a leitura de um livro relativamente recente com o mesmo titulo de James Kennedy e Russel Eberhart, que traça nos primeiros capitulos uma paisagem da temática da vida artificial e da sua inteligência. O livro está muito bem estruturado, sem no entanto na minha opinião fugir ao problema central da Inteligência Artificial que é o da procura. Da solução óptima entenda-se.

O paradigma é muito original e aponta para este problema uma solução quase líquida. O adjectivo não é casual. De facto a melhor imagem que imagino para o algoritmo é a de um líquido viscoso e simultaneamente inteligente, pensemos no mercúrio líquido, que deabula no espaço das soluções há procura de uma solução cada vez melhor. A melhor solução está no vale mais profundo. Aquele em que a função de fitness ao objectivo é maximizada.

A dificuldade nos problemas de optimização é que muito frequentemente, dada a proliferação de variáveis em jogo, existem milhentas soluções quasi-óptimas para um determinado problema. Muitos algoritmos recorrem a força bruta, alguns com uma ou outra heuristica, para optimizarem os seus objectivos. Nas redes neuronais a procura é descentralizada há semelhança dos enxames e depende das sua própria aprendizagem do problema. Nos enxames julgo que não existe uma memória, mas uma ténue ligação entre os individuos que o constituiem por forma a que a solução óptima é aquela que na globalidade é a melhor para todos. Dada a colaboração não formalizada entre agentes é uma solução optimizada em acidentados espaços de procura e de rápido alcance.

Trata-se de um método, no seguimento do paradigma da redes neuronais, que vem a aproximar cada vez mais as ciências do artificial da intuitiva noção de funcionamento do nosso próprio organismo. Células a colaborar e a competir com células, sistemas reguladores, homeostasia, neurónios, axónios, denditres e afins. É o tema central de um livro que saiu se não erro no ano passado, de um autor português, onde podemos recolher sábias noções sobre este problema e numa forma mais geral sobre a àrea emergente da teorização sobre os sistemas. Chama-se Dos Sistemas Centrados aos Sistemas Acentrados e é de António Machuco Rosa. Tem pano para mangas de discussão.
posted by Antonio @ 02:55