segunda-feira, agosto 18, 2003

Nota:

Aos autores dos blogues aqui representados.
O tempo que tenho para dedicar a este blogue nao é o de ha tempos atras, por isso peco desculpa por nao tratar os posts como dantes, nao me é possivel fazer as ligacoes e editar o texto a bold e italic como fazia de antes.
Peco a vossa compreensao. RC

E Deus tornou-se visivel..

Indução e dedução IV

Pegando num excerto do comentário de Leftwing:

O postulado "matéria atrai matéria" não é assim tão evidente. A própria dependência linear do campo gravítico com a massa do corpo que o origina só experimentalmente pode ser verificada.

É possível que sim. É possível que a indução seja o método científico. Mas nada nos impede de imaginar que se poderia ter dado mais credibilidade à dedução, partindo de verdades (princípios) que todos pudessem aceitar incondicionalmente. O postulado, apesar de não ser tão evidente, também é passível de ter sido intuído e a dependência linear é a mais lógica. Mas, torno a dizer, admito estar errado ao defender a dedução. Se é a massa (enquanto quantidade de matéria) ou outra propriedade a responsável pela atracção, deixo para outra ocasião, quando me debruçar sobre as chamadas "propriedades". O que são as propriedades senão justificações para as forças?

Imagine-se que tanto a Lei da Gravitação como a lei da força centrífuga tinham sido deduzidas. Mostrarei, brevemente, que a força centrífuga também pode ser deduzida. Neste caso, também a Lei dos períodos de Kepler, focada no post anterior, resultaria por dedução. Com efeito, bastaria igualar a força de atracção entre o Sol e um planeta à força centrífuga que actua sobre o planeta para daí retirar a Lei dos Períodos. Recordemos que ela pode ser descrita pela expressão:

r3/T2 = (G/4.pi2). MS

r - raio da órbita do planeta; T - período do movimento do planeta em torno do Sol; G - constante de gravitação; pi = 3,14... e MS é a massa do Sol.

A relação r3/T2 representa pois, à parte uma constante, a massa do Sol (ou a propriedade do Sol responsável pela força que ele exerce sobre o planeta). Justifico, assim, a minha asserção relativa à constante de Kepler, feita em post anterior: a constante de Kepler representa a massa do corpo cujas sondas (massas muito menores) orbitam em torno dele seguindo a Lei dos Períodos de Kepler. 5:45 PM H. Sousa

Naufragios

O naufrágio do galeão Sacramento (1668)

Em Fevereiro de 1668, o galeão português Sacramento, capitaneado pelo General Francisco Correia da Silva, partiu do Tejo, comboiando uma armada pertencente à Companhia Geral do Comércio do Brasil.

A bordo seguiam quase um milhar de pessoas, em que se contavam 800 marinheiros e soldados e 200 passageiros, clérigos e franciscanos. Construído no Porto por Francisco Bento, o Sacramento tinha, no ano anterior, sido navio-almirante da armada que tinha protegido a costa portuguesa dos piratas argelinos, armando nessa altura 60 canhões e transportando 824 marinheiros e soldados.

E todo aquele armamento não era pouco, já que a situação no Brasil se vinha a degradar desde 1630. Com efeito, os Holandeses tinham logrado com o domínio militar do Recife, o controlo da navegação naquelas paragens o que lhes permitia exercer um verdadeiro bloqueio ao comércio do açúcar. Sem meios para enfrentar o poderio naval holandês, Portugal fez escoar o ouro branco através de portos secundários, o que veio a dificultar a organização de comboios de defesa, levando à perda, só no período de 1633 a 1634, de 124 navios mercantes.

Para obstar a esta verdadeira sangria de navios, Dom João IV vai tentar, logo a seguir à Restauração, manter a independência nacional e a soberania do Brasil, graças ao incremento do poderio naval português. Em 1643, e a pedido do monarca, Salvador Correia de Sá indicou as acções que eram necessárias, em seu entender, para reparar a situação no Brasil, surgindo o Regimento de 25 de Março de 1643, que instituiu as frotas comboiadas. Em 1647, este sistema de comboios navais revelou-se infrutífero perante a investida holandesa, o que levou o Padre António Vieira a recomendar a criação de uma Companhia Geral do Comércio do Brasil.

O naufrágio

A 5 de Maio 1668, depois de uma viagem sem novidades, o Sacramento chegou à vista do porto da Baía de Todos os Santos, actual Estado da Baía. O tempo estava péssimo, com ventos sul de grande intensidade que ameaçavam destroçar a frota de encontro à costa de Salvador. Apesar da tempestade, o piloto decidiu tentar a sua sorte e fazer-se ao porto.

Às sete da tarde, o Sacramento colidiu violentamente contra o Banco de Santo António, submerso a cerca de 5 metros da superfície. Apesar de insistentemente pedir socorro, disparando todas as suas peças de artilharia, o galeão acabou por se afundar sozinho, às onze horas da noite, já que o estado do mar não permitiu que qualquer embarcação fosse em seu socorro. Dos cerca de 1000 tripulantes e passageiros, apenas se salvaram 70. O corpo do General Correia da Silva, juntamente com o de centenas de outros, acabou por dar à costa no dia seguinte.

O naufrágio do Sacramento foi localizado, em 1973, por mergulhadores amadores que comunicaram o seu achado aos Ministérios da Marinha e da Educação e Cultura do Brasil. Em 1976, uma equipa de 30 mergulhadores da Armada, dirigida pelo arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello, procedeu a uma primeira prospecção do local, nas coordenadas 13º 12’ 18’’S e 38º 30’ 04’’W. Os destroços, situados a cerca de 33 metros de profundidade, consistiam num aglomerado de pedras de lastro - com cerca de 30 metros de comprimento por 13 de largura, elevando-se a cerca de 3 metros do fundo - rodeado por 36 canhões de ferro e de bronze bem como por 5 âncoras e variados restos de cerâmicas, majólica e recipientes de barro.

A identificação do navio foi relativamente fácil, apesar da artilharia compreender peças de origens tão díspares como falconetes holandeses fundidos em 1646; colubrinas inglesas datadas de meados do século XVI; dois meios canhões, também ingleses, datados de 1590 e de 1596; e uma série de peças portuguesas, a maioria do fundidor Matias Escartim, datadas de 1649 e 1653. Todas as peças estavam marcadas com a divisa da Companhia Geral do Comércio do Brazil Spero in Deo e, por vezes, com a esfera armilar.

Foi com base nas indicações presentes nas bocas de fogo que foi possível determinar que o afundamento não teria ocorrido antes de 1653 (data da peça de fogo mais recente) e que o navio pertenceria, muito provavelmente, à Companhia Geral do Comércio do Brasil, criada em 1649. Para além dos canhões, foram também encontradas algumas moedas de prata, espanholas e portuguesas. Destas últimas, algumas tinham sido contra-marcadas numa das faces, de modo a que o seu valor fosse aumentado em 25%. Como o Alvará Régio que ordenou essa contra-marcação datava de 22 de Março de 1663, foi fácil determinar que a data terminus post quem do naufrágio seria posterior à data desse Alvará.

Por entre os escombros e as pedras de lastro, vários artefactos foram surgindo à luz do dia, depois de mais de três séculos de esquecimento. Foram assim encontrados 5 compassos de navegação, em bronze, bem como dois astrolábios. Parte da carga original do navio foi também recuperada. Entre esta encontravam-se várias centenas de dedais de costura, bem como garrafas e imagens em chumbo de Cristo, que teriam pertencido a um qualquer carregamento de crucifixos.

A carga incluia também vários milhares de balas de chumbo contidas em jarras de barro bem como têxteis, de que apenas sobreviviam os selos, em chumbo, da Alfândega de Lisboa. Os pertences quotidianos da tripulação foram também recuperados. Entre estes contavam-se pratos de majólica e porcelanas portuguesas e chinesas, bem como a baixela pessoal do general Correia da Silva, que nunca mais teve oportunidade de a utilizar, depois daquele dia fatídico de 5 de Maio de 1668.

Para saber mais:

MELLO, U. 1979, “The shipwreck of the galleon Sacramento - 1668 off Brazil”, The International Journal of Nautical Archaeology and Underwater Exploration, 8.3: 211 - 223
ESPARTEIRO, A. 1974, Três Séculos de Mar, Caravelas e Galeões, Colecção Estudos, Ministério da Marinha, Lisboa
NEILO, E. 1975, Olinda Restaurada: Guerra do Açúcar no Nordeste, 1630 - 1654, Rio de Janeiro
RIBEIRO, A. 1992, “Armada de Guarda Costa, Frotas e Comboios do Brasil”, in Revista de Marinha, ano 56, Junho 1992, 828: 30 - 34
posted by Alexandre @ 17:43

a formiga de langton

Sociedade e Organizações, e de alguma Igreja enquanto Organização

Relativamente a alguma da emergência "Bottom-Up" presente nas sociedades, e a outra não emergente e "Top-Down" que com esta se interliga (uma espécie de variável exógena ao sistema, que a pouco e pouco se constítui como parte do sistema), e a que me referi no post anterior ("Nova-Iorque fora de horas"), dei entre-outros o exemplo de "Swarming People", calcorreando as ruas de Manhantan, devido ao "blackout" (dei também entretanto pistas, não sei sinceramente ainda se completamente correctas, quanto ao devir deste último). O fenómeno ocorre um pouco por todo o lado na nossa sociedade, a mais ou a menos dos dois carácteres acima descritos ("Bottom-Up", "Top-Down"), não sendo apenas manifestos reduzíveis à forma de como se movimentam pessoas pela rua, pese embora, seja aqui mais claro, analisá-los quiçá pela sua facilidade de visualização (pense-se por exemplo -aqui, exemplo negativo devido às suas consequências- na forma como em pânico uma massa enorme de pessoas deixam um Estádio de Futebol, acabando por produzir não raras vezes uma enorme tragédia). Ora hoje (Domingo), José Pacheco Pereira (JPP), pelo Abrupto, descreve de modo muito pertinente uma procissão (post com o título "Uma Procissão Popular"; talvez não acreditem, mas à medida que escrevo as primeiras linhas destas palavras estou aliás (!) a ouvir a banda de uma, aqui em Marmelar, Alentejo profundo, para os outros quiçá "Alfacinhas", e também profundo, noutro sentido, para mim mesmo), lançando questões que me parecem importantes. Como: [...] A Igreja como comunidade? A colectividade como hierarquia? [...]. Talvez este post de JPP possa passar despercebido à maioria dos PT-Bloggers, ou dos leitores, que o irão ler talvez como uma simples descrição de verão, mas pessoalmente parecem-me observações não só cruciais como oportunas. Já pelo fim, por exemplo, JPP descreve uma [...] força interior invisível [...], que não é de todo menosprezável. Já Shaw pelo século 17, descrevia uma frase anónima que rezava assim: [...] ...e os milhares de peixes moveram-se como uma enorme besta, revolvendo a água em seu redor. Aparentemente unidos, e inexorávelmente conectados a um destino comum. De onde surge esta unidade? [...]. O que é interessante nesta frase, é que parece que aponta logo uma dúvida que nos tem e continua a assolar a todos. A unidade surge. Emerge (leiam-se as 2 afirmações de trás igualmente como interrogações). Parece que vinda de baixo, provinda das relações locais, neste caso entre peixes de um mesmo cardume. Estas questões, e a própria procissão como acto social, não só estão relacionadas com a "Nova Iorque fora de horas" que aqui imediatamente antes descrevi, como à de outras que lançei num dos posts iniciais (o terceiro) da "formiga de langton", sob o titulo "As hierarquias da dinâmica ou a dinâmica das hierarquias" e a propósito de um "Call for Papers" recente, no "Artificial Life Journal - MIT Press". Em termos simples, se foi o "blackout" o disparar de uma emergência e comportamento de grupo em plenas ruas de Nova Iorque, quem é o "blackout" de um acto social como o de uma procissão ?! Será o pastor do rebanho? (o de hoje, facto que me parece por si só relevante ao tema, tinha um megafone pelas mãos!, ao passar pela minha janela). A existir um disparo inicial em todo o sistema (social ou artificial, mecânico) quem o disparou? Mais, no âmbito generalizado da sociedade, a própria hierarquia das organizações será emergente? Será ela o produto "irremediável" de um subir de vários patamares de complexidade? Ou ainda, será ela consequência de uma nossa exigência cerebral, ou porventura de uma eventual "delegação de poderes" (que falava antes), ao desejarmos assegurar o "controle" (leia-se sobretudo, compreensão) sob algo que nos parece escapar? (sendo que para tal temos preponderância para classificar, para agrupar, para hierarquizar, como se o todo fosse reduzível à construção de uma, ou várias simples mnemónicas).
Sobre esta mesma redução, falei em contraponto noutros posts do "mapa-mundo" de J.L.Borges, mas como nota suplementar, o "Call" do "Artificial Life Journal" pretende ir mais longe, ir ao próprio "mapa" de qualquer organísmo enquanto agregado celular e complexo (hierarquizável ou hierarquizado? ou nenhum dos dois?). A vida, a própria vida, é sobretudo dinâmica, é sobretudo das relações que trata, entre diferentes partes celulares. Como em tempos escrevi, não necessáriamente acerca deste tema das organizações, mas de temas que lhes estão conexos, a vida é não-linear. Ora, os sistemas lineares obedecem ao principio da sobreposição. Podemos "partir" sistemas lineares em partes simples constituintes, e analisar as partes independentemente. Uma vez chegados ao entendimento das partes em isolação, podemos atingir uma idéia de compreensão do todo, pela composição dos nossos entendimentos das partes isoladas. O que é chave nos sistemas lineares (ao estudar as partes podemos entender o todo), não é contudo verdadeiro para os sistemas não-lineares. A natureza contudo, é geralmente não-linear, tal como a vida, onde este tipo de abordagem é raras vezes impossível, se não de todo impossível. Os sistemas não-lineares não obedecem ao princípio da sobreposição. Mesmo que pudessemos "partir" todo o sistema em partes, e mesmo que pudessemos atingir a totalidade da compreensão de todas estas partes, não saberiamos nunca compôr os nossos entendimentos individuais das partes, numa compreensão do todo (ver post "Quem monta o Lego?"). Por manifesta relação, aqui segue um excerto desse mesmo post: [...] Have you haver seen a child take apart a favorite toy? Did you then see the little one cry after realizing he could not pull all the pieces back together again? Well, here is a secret that never makes the headlines: We have taken apart the universe and have no idea how to put it back together [...]. Ao "mexermos",ao dar-mos um pequeno toque, por exemplo, numa das variáveis que compoêm o sistema não-linear, este pode assumir comportamentos imprevisíveis, ao contrário dos lineares, como aquele que obtemos pela via da utilização do acelerador do nosso automóvel, sob o efeito do nosso pé. A palavra-chave da vida no entanto, a palavra-chave dos sistemas não-lineares é a de que os comportamentos "primários" de interesse são propriedades das interacções entre as partes, ao invés de serem propriedades das partes por si só, e estas propriedades baseadas na interacção necessáriamente desparecem ao nosso olhar, quando as partes são estudadas de modo independente. A caminho da sua compreensão, não é a sua análise, por isso, que se deve realizar, mas sim a sua síntese. É da relação entre partes, que nos devemos questionar. Sobre que relações de baixo nível em complexidade, produzem um comportamento global, ao maís alto nivel de complexidade, aquele que observamos, mas que jamais conseguiremos destrinçar por isolação, pelo caminho reducionista descendente. O carácter do todo final evoluindo temporalmente, e a própria constituição de uma inovação pelo todo, a existir, são aspectos cruciais. Aliás, o modo como as partes disparam decisões em função da intensidade de estímulos locais, bem como a existência ou não de diversídade nas funções de resposta implícitas a cada uma das partes, parece ser crucial na emergência de "ordem" e formação de padrões de alto nível em qualquer sistema colectivo.
Existem alguns trabalhos na própria dinâmica das organizações, igualmente conectados à problemática da inovação que me parecem fundamentais. Disponível em livro, de José Manuel da Fonseca (Universidade Lusíada, Universidade Nova de Lisboa) o título "Complexity and Innovation in Organizations" Routledge (UK), 2001. Depois e no próprio âmbito da Igreja como organização, a investigação de Antonieta Costa (Universidade dos Açores), a trabalhar a partir de Angra do Heroismo. Conheço-a por email apenas, devido à troca continua de trabalhos entre ambos (está sendo difícil conhecermo-nos pessoalmente devido às agendas pessoais). Alguns dos seus artigos são pertinentes neste preciso tema, bem como no questionamento dos carácteres, e no do seu peso, a que a que em cima faço evidência ("Bottom-Up","Top-Down"). Antonieta Costa, utilizou a comunidade do Espiríto Santo (Açores) como case-study da sua própria tese de trabalho. Não deixa de ser relevante apontar alguns excertos e respectivas referências, que aqui sob este tema são bastante oportunas, e bem mais cruciais que as minhas:

[...] Power becomes a problem when we understood that it infects all social processes, thoughts and relations among people. The simplest interaction between two people becomes a stage of battle where each participant attempts to establish the "truth" about whatever reality is being discussed."Power", considered as authority, to affect the process of symbolic reality construction, is attributed by the group to certain people,who thus become legitimized in this function. Depending on the type and development of the society, scientists, priests, shamans or legislators, etc., are considered the official producers, or constructors, of reality.
In spite of this conventional understanding, a constant commotion is caused by those left behind, resulting in private fights (most of the time hidden by the apparent calm of the surface) for the control of a part of the residual power and/or recognition.
In both cases however, the establishment of the "truth" is always dependent on a super-entity who gives the last word, an authority who reinforces the moral rightness, a hierarchical system to whom common man can resort to, in order to "learn" how the order of the things is established, how things must be done, how everybody should behave. A society functioning under principles different from these is unthinkable. The establishment of law and order in a society is thought to be inseparable from these figures of authority. Any social systembased on different logics is doomed to fail. The idea of having a society based on total equality among the members for these functions of the establishment of the "truth" is thus thought of as a foolish and impossible project, without any possibility of survival, although often wished for as a distant utopia.
Considering this link between the philosophical and the epistemological fields as our focus of concentration, we can say that the thematic of power has become a stationary one since the beginning of historical times, in the process of reality interpretation and construction. The access to the truth has always been perceived as coming from either a "gift", a "divine concession", an "enlightenment", or any other special means conferred by divine entities to the special care of these figures of authority. Never, in any case, and within any group, does it become the possession of common man, or seen as an ordinary function of ordinary people.
To question the accepted social thought on this matter, I present information on an organization (or group of religious brotherhoods) that operates by different principles, mainly symetrical interactions among the members. All definitions of the internal (organizational) reality, starting from the representation of the divinity, His perceived behaviors, values and expectations about human acting, the performance of the cult, as well as other functions and situations, are produced and established by the common man in his role of simple member of the brotherhood. This means that anyone wanting to do so can enter the organization, become a member, and, in performing within the cult as an "Imperador" (or the person in charge of the cult during a week) introduce any innovation that he or she sees as positive for a better functioning of the community.
Considering that this is a situation avoided by societies that fear loss of control over the interpretations of reality and thus over the meaning and values attributed to them, a simple curiosity about the uniqueness of this case lead me study it (in a doctorate program, at ISCTE, Lisbon, 1998) with the goal presenting its existence to the scientific community. [...]

Excerto que faz parte da introdução ao artigo "Con-testing Utopia", publicado na World Cultures, 13(1), 2002. Já em outro trabalho ("The Obsolescence of the Power Paradigm Within the Brotherhoods of The Holy Spirit"), destaco finalmente os seguintes excertos:

[...] "Power", considered as authority, on the process of symbolic reality construction, is attributed by the group to certain people, who thus become legitimized in this function. Scientists, Priests, Shamans, the Law System, etc., depending on the type and development of the society, are considered the official producers, or constructors, of reality. [...]

[...] Considering this link between the philosophical and the epistemological fields as our focus of concentration, we can say that the thematic of power has become a stationary one since the beginning of historical times, in the process of reality interpretation and construction. The access to the truth has always been perceived as coming from either a "gift", a "divine concession", an "enlightenment", or any other special means conferred by divine entities to the special care of these figures of authority. Never, in any case, and within any group, does it become the possession of common man, or seen as an ordinary function. [...]

[...] The work of Claude Faucheux and Serge Moscovici (1967) was one of the few exceptions. Not only because of that, but also by the excellency of its quality, they were chosen as principal theorists of the study. Their work produced a theory which went against the established explanations of symbolic reality, based on a perspective of the influence that minorities exert over social thought in the process of reality construction. They proved that this process suffers influences not only "from the top down", or from the authorities on the matter (especially the scientific ones), but also "from the bottom up", or from the common man. Although unknown, this last source of influence proved to be so strong that in most cases it is the only one fighting against organizational stagnation, and forcing change or imposing a new order. [...]

[...] One of the most interesting speculations being the link drawn by Ilya Prigogine (1985) between physics and sociology, which suggested the possibility of man being one more of the examples of autonomous organization found every where in the universe, from a star to a mosquito, in a ever complex state. Nonetheless, the weight that tradition inflicts upon the thinking process was too strong to be vanished just by theory. This must be the reason why the conventional image of authority kept its preeminence in social process. This was probably helped by the fallacy of the comparisons between animal and human societies, which help to perpetuate this way of thinking in spite of the knowledge that human societies are based on the construction of a symbolic reality in the production of which all members of the group should participate in order to have some sense, due to the conceptual nature of this production. Seen through this perspective, we find an explanation for minority influence found by Moscovici in his studies. [...]

p.s.1 - Notas da PT-BlogoFractaLândia: Agradeço ao Azul Cobalto, habitante de florestas. Agradeço ao mac.against.org pelas curtas palavras. Ao contrário de que outros dizem, o que descreve tecnicamente (e não só) também é importante, pelo menos para mim o é. O Upgrade é outro bom exemplo. Uma palavra especial ao Ciência na blogoesfera Portuguesa, um trabalho que sabemos ser difícil, realizado por uma só pessoa (força, caro Coelho), e que entra agora em formato curto, mas que não deixa de ser relevante. O Teste de Turing (blog muito recente que aqui falei faz dois posts, e que começou em grande força) tem que lá estar naturalmente (Caro "Teste de Turing", envie um email ao mailto:ciencianablogosfera@yahoo.com.br, ele próprio faz-lhe esse apelo). Agradeçimentos também ao Cibertulia e ao Posto-de-Escuta, que vai apanhando tudo. Agradeço ainda a manifestação de apoio do blog "E Deus Tornou-se Visivel". Saudações ao Lâmpada Mágica, apesar de nunca ter publicado a "pico-entrevista" (uma iniciativa a saudar!) que me fez por email, entre outras referências. Por fim e mais recentemente, a Francisco José Viegas, pelo seu Aviz. Adorei esse mainada, bem como o titulo do post, que numa só palavra descreve tudo o resto pelo qual me forçaram a passar. Aliás, foi excelente descobrir por si, o "primeiro" post mais notável, pelas boas razões, de toda a PT-BlogoFractaLândia, que veio do Aquele Outro. Este tema preciso, "o primeiro post", para mim tornou-se uma paixão-obsessão, um hábito adquirido, a cada blog, a cada visita, a cada leitura, e é por si revelador quanto baste da natureza de cada um dos blogs. Deviam-se realizar prémios (quiçá de humildade, quiça da falta dela) um pouco por toda a blogolândia Portuguesa, e para o tema. Contudo, é claro que a pertinência científica se perde, se todos os primeiros bloguistas, lerem estas linhas antes de o serem. Ou ainda que sendo já velhinhos, retirem esses conteúdos, ou os alterem como por aqui na nossa blog-comunidade já vi também acontecer. Caramba, aonde se chega. Esqueçem-se que o Google tem "cache" (!), para não falar de outros motores e outros métodos de pesquisa. Já agora, e por aqui antes ter falado nele, o Teste de Turing também teve um primeiro post notável, como referi faz 3 dias. Com uma qualidade que pessoalmente destaco, foi directamente ao assunto. Mainada !

p.s.2 - Viram a RTP2 no passado Sábado, à hora de jantar?! Se não viram, deviam ter visto. A Ana Sousa Dias (programa que faço por não perder, embora perca às vezes) está de parabéns. A RTP2 está (continua) de parabêns. O convidado está de parabéns. Já por aqui falei nele a propósito de um livro. Trata-se de José Fernando Mendes que desenvolve um trabalho impressionante. O programa foi notável. Aliás, adorei entre-outras a questão relativa aos bébes, que aqui cito em cima relativo a outros posts. Com momentos assim pela nossa TV escuso de mudar para os canais Internacionais. Este programa é uma lição, este convidado um exemplo a seguir.
posted by AntColony @ 5:57 AM

Einstein...

A minha profissão de fé IV

Nunca me esforço por alcançar abastança ou luxo, e até sinto um certo desprezo por isso. A minha paixão por justiça social trouxe-me, frequentemente, conflitos com as pessoas; bem como a minha antipatia por todo o tipo de união ou dependência que não me parecesse absolutamente necessário. Tenho em consideração apenas o indivíduo e nutro uma invencível antipatia pela violência e pelo clubismo. Por todos estes motivos, sou um pacifista e antimilitarista apaixonado, rejeito qualquer nacionalismo, mesmo quando aparenta ser simples patriotismo.
Posted by: Henrique / 3:16 AM

E Deus tornou-se visivel...

Newton e a indução da Lei da Gravitação

Na Europa ante-renascentista, os soberanos e grandes senhores patrocinavam Observatórios Astronómicos e contratavam astrónomos-astrólogos de renome para os dirigirem. Foi o caso do dinamarquês Tycho Brahe, convidado por Rudolfo II para dirigir o Observatório de Praga e completar as célebres Tabelas Rudolfinas. Os registos rigorosos de Brahe levariam Kepler, seu sucessor, à formulação das primeiras leis heliocêntricas do movimento dos planetas:
# As órbitas dos planetas em torno do Sol são elipses nas quais o Sol ocupa um dos focos;

# O raio vector que une cada um dos planetas ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais (lei das áreas);

# Os cubos dos semieixos maiores das órbitas dos planetas são proporcionais aos quadrados dos respectivos períodos de translação.


A última é conhecida por Lei dos Períodos de Kepler. Newton viria a servir-se de todas as Leis de Kepler para chegar à Lei da Gravitação Universal. A primeira e a segunda daquelas leis serviram-lhe para demonstrar que a "outra força" que actua sobre os planetas, para além da centrífuga, tinha a direcção da linha recta que une o planeta ao Sol. A partir da Lei dos Períodos, retirando dela a expressão da força centrífuga (deduzida por ele), concluiu que esta se encontrava em equilíbrio com uma força proporcional à massa do planeta e inversamente proporcional ao quadrado da distância ao Sol. Esta foi a via seguida por Newton para chegar à lei da Atracção Universal que, já cerca de 1666, ocupava os seus pensamentos.

Newton induziu, pois, a Lei da Gravitação a partir das Leis de Kepler. Kepler não retirou qualquer conclusão das suas leis; acreditava, porém, que os números que caracterizam os fenómenos celestes obedeceriam a certas regras. Na sua primeira grande obra "Mysterium Cosmographicum" (1596) defende uma misteriosa harmonia desses números. Terá Kepler intuído a existência da quantificação de orbitais?
De facto, e particularmente, a Lei dos Períodos é de uma riqueza extraordinária. Se nos perguntássemos o que é que todos os planetas do Sistema Solar têm em comum, a resposta óbvia seria que todos eles rodam em torno do Sol. Logo, a relação constante contida na Lei dos Períodos só pode estar relacionada com o Sol, por ser idêntica para todos os planetas; depende de alguma "propriedade" do Sol. Todos os planetas se comportam como "sondas" que medem essa propriedade. O problema reside em saber qual a propriedade que é medida pelos planetas.
E foi aqui que a conclusão de Newton se revelou muito pertinente, admitindo que a propriedade do Sol que é medida pelos planetas é a sua quantidade de matéria, isto é, a massa do Sol. A massa do Sol seria, em última análise, a causa da força que mantém os planetas em órbita. A "constante de Kepler" dos planetas seria, então, em essência, uma medida da massa do Sol; de igual modo, a constante de Kepler de um satélite a girar em torno da Terra seria a medida da massa desta; ou a constante de Kepler do Sol a girar em torno do centro da Via Láctea seria a medida da massa do núcleo da galáxia.
4:06 PM H. Sousa

domingo, agosto 17, 2003

Pergunta:

Gostava de incluir o bogue o-teste-de-turing, nos contactos de Ciencia na Blogosfera Portuguesa, e tambem de incluir os seus posts, mas nao encontro nenhuma forma de contactar o autor. Se alguem puder ajudar, agradecia. RC

Tecnologa



16 / 08

FTE: um editor para programadore


15 / 08

Máquinas cognitivas: a tendência dos próximos dez anos


14 / 08

Afterstep apresenta versão 2.0 beta

Imagens 3D com um laptop e celofane


13 / 08

Debian comemora 10 anos


12 / 08

Torch: uma biblioteca de Machine Learning

XDebug: uma extensão para PHP


09 / 08

O Projecto R

Algoritmos de Levenshtein

Cherokee: um servidor HTTP ultra rápido


08 / 08

phpPatterns() de novo online

Algoritmos e software de encriptação


05 / 08

Command Prompt implementa PHP como linguagem embutida em PostgreSQL

Razao Impura



12 / 08

Memória


10 / 08

A vertigem da "influência"

O multiculturalismo anarquista e a segunda lei da termodinâmica

Propósitos

Calamidades

Vitalismo


06 / 08

O que nos move


05 / 08

Bugs

Formigas

Naufragios



14 / 08

O naufrágio da Pallas, São Jorge, 1782 (I)

1649

Einstein...



17 / 08

A minha profissão de fé III


16 / 08

A minha profissão de fé II


15 /08

A minha profissão de fé I


14 / 08

AFORISMOS I


06 /08

CIÊNCIA E RELIGIÃO XXIII


05 /08

CIÊNCIA E RELIGIÃO XXII

E Deus tornou-se visivel...



15 /09

A propósito da carga eléctrica


13 / 08

Indução e dedução III


12/ 08

Ruptura

Indução e dedução II


10 /08

Verdades de aceitação universal


09 /08

A dedução da Lei da Gravitação III


08 / 08

Dedução da Lei da Gravitação II


07 /08

A dedução da Lei da Gravitação I


06 /08

Mudança geral e uniforme de escala

a formiga de langton



16 /08

Nova Iorque fora de horas: Grupos ou Redes, Redes de Energia, Redes de Computadores, Redes Sociais


15 / 08

De um cais ao outro

O teste de Turing


11 / 08

Nós e as cócegas

Projectos Wireless


10 / 08

Presas e Predadores

Gerações GOOGLE

"Considero a investigação científica fascinante"

Aba de Heisenberg



13 / 08

Europa a duas velocidades

terça-feira, agosto 12, 2003

Nota:

Queria aqui informar que ultimamente (há mais de uma de semana) que nao me tem sido possivel postar o que os blogues de Ciencia têm escrito. Isto deve-se ao facto de estar retirado, e assim continuarei pelos proximos 2 meses, por isso penso que a iniciativa que tinha iniciado, nao podera continuar da forma como eu a imaginei. Vou tentar postar o maior numero de titulos de posts relacionados com Ciencia, mas nao posso prometer a assiduidade de outros tempos.

Espero a compreensao de todos,

Ricardo Coelho

terça-feira, agosto 05, 2003

Tecnologa


Opie chega à versão 1.0

Opie (Open Palmtop Integrated Environment) , um GUI completo para PDA e outros dispositivos, foi lançado hoje em verão 1.0. O sistema é um fork do ambiente Qtopia da Trolltech e dispõe de compatibilidade binária com aplicações da Sharp Zaurus. A plataforma está ainda a correr sobre HP iPAQ, SimPad, Psion5, Ramses, TuxPhone, Simputer e muitos outros dispositivos embutidos Linux.
posted by Ant?nio

a formiga de langton


Sinergia ambiental cognitiva

Em relação aos post anteriores, eis algumas palavras que escrevi a 11 de Junho de 2001 (04:34:18 AM) ao grupo Brasileiro LABIRINTO, devido a um tema de discussão que lançei e a que designamos por "textos colectivos":

[...] A propósito de tudo isto, gostaria de vos deixar uma imagem final. A de PISOTEIO. Em Portugal chamamos PISOTEIO aqueles caminhos no meio da selva (ou melhor do campo, por aqui não à selva !), que se vão formando OPTIMALMENTE (quer pelo gosto quer por um critério minímal de distâncias) ao longo do tempo, por várias pessoas que caminham por essas zonas, entre duas aldeias (entre A e B). Numa primeira fase nada existe a não ser a própria selva. Um primeiro explorador passa, tentando chegar à outra aldeia, como exemplo, o mais rápido possível. E forma sem querer umas certas marcas no chão, ao pisar ervas, etc. Dias depois, alguêm quer fazer o mesmo percurso ou o seu contrário (de B para A). Começa quase de certeza (em termos probababílisticos) por uma parte do caminho que ainda está virgem. Mas à medida que tenta tb optimalmente (através da sua INDIVIDUAL percepção geográfica) chegar a A, encontra a meio as outras marcas e segue-as (ou tem um grande estímulo em fazê -lo). Reforçando-os assim deste modo ! Com o passar do tempo, cria-se um caminho verdadeiramente optimal, porque somou (de forma não linear) as experiências de vários individuos que o tentaram percorrer. E eles nem se comunicaram ! Pelo menos de forma directa. E no entanto emergiu uma verdadeira CONSCIÊNCIA GEOGRÁFICA de GRUPO ! [...]

[...] Mais ! De repente surge uma forte tempestade (amazónica !). Parte do caminho desaparece. Parte do caminho até é aliás sobreposto por uma nova montanha devido a um tremor de terra ! Voçês já repararam que rápidamente surge um outro que supera essas dificuldades, sendo tb ele optimal ?? !!!! Existe uma certa memória de grupo (FEROMONA !... ervas pisadas) que rápidamente pode restabelecer toda uma nova solução ! E agora; isto não vos faz lembrar as MNENOMÓNICAS que os seres Humanos utilizam para se lembrarem de tarefas corriqueiras ?? !!!! O grupo de neurónios (que basicamente disparam sinais binários de disparo ou não, entre si, reforçando uma determinada idéia) arranja caminhos alternativos, pensamentos novos, mesmos só tendo parte de uma memória algo difusa ! [...]

[...] Ou não vos faz lembrar o próprio formigueiro ?! Ou ainda, no modo como as civilizações antigas faziam passar a sua história (sem terem livros), isto só, através da palavra (propagação de MEMES). Como se diz em Portugal, "Quem conta um Conto, acrescenta um Conto". Não é essa a forma "optimal" de manter uma história de gerações ?! Uma história que mantêm aquilo que vem da "noite dos tempos", mas que contêm tb aquilo que é novo e mais actual. Uma espécie de SINTESE de GRUPO, de CONSCIÊNCIA COLECTIVA !! [...]

E num outro email anterior (10 de Junho 2001, 17:18:25 PM):

[...] Ora isto produz um efeito auto-catalítico, efeito BOLA de NEVE, de tal modo forte, que com o passar do tempo, menos formigas visitam N-B e o único trajecto é N-A ! O caminho mais curto !!! E elas nunca comunicaram entre si, pelo menos de forma directa !!! Fizeram-no através das modificações que se foram produzindo no seu Habitat. Tal como dois jogadores de xadrez que mesmo sem falarem durante duas horas comunicam entre si, através do tabuleiro !! Através de configurações locais. Este habitat de feromona, isto é a camada de feromona por cima do chão que pisam, é o seu MAPA COGNITIVO ! Isto é, apesar de cada uma das formigas ter o seu cérebro, o SUPER CÉREBRO do SUPER ANIMAL COLECTIVO FORMIGUEIRO está embebido no próprio ambiente !
Mais. Reparem ainda que se de repente A desaparecer, o caminho para B é rapidamente reposto ! O Sistema é altamente adaptável. Existe uma memória colectiva do ambiente que as rodeias através de certos vestigios de feromona, e esse é o cérebro da Colónia ! Quem manda nela ? Quem tem a Inteligência para ver estas coisas ? Ninguêm, nenhuma delas ! São todas !! Este mapa cognitivo é superior à soma de todos os seus pequenos cérebros. Olhem para a INTERNET agora, e digam o que pensam ?! Quando sugiro um link na minha página pessoal, não estarei a reforçar FEROMONA numa determinado carreiro, num determinado conceito !!? [...]

[...] TENTAR compreender que mecanismos básicos mas fundamentais estão por detrás da emergência de cooperação em sistemas colectivos (quaisquer que eles sejam: WWW, redes de tráfego, grupos de neurónios, movimento de pessoas num supermercado, redes de troca de informação, LANS, a procura de relações complexas em grandes bases de dados, etc, etc). [...]
posted by AntColony @ 1:05 PM

a formiga de langton


Trilhos possíveis

Devido à frase anterior que aqui coloquei, de Kevin Kelly (ex-editor chefe da WIRED), a "Aba de Heinsenberg" fez logo pela manhã um post interessante denominado "O que nos move?". Interessante porque levanta uma série de questões pertinentes, com as quais à muito me debato. Eis uma; [...] E será que tudo o que fazemos pode ser descrito como resultando de análises custo/benefício? Posso evidentemente estar a generalizar demasiado... Por exemplo, como é que entram aqui os princípios e a cultura, que modelam o nosso modo de agir? [...]. Quanto à primeira das questões, direi que não. Isto porque tanto podemos ter altruismo como uma forma de egoismo (pareçe bizarro, mas temos muitos exemplos), como não. A segunda questão é bem mais interessante bem como outras, que relacionam o tema com o do estímulos perceptuais em vizinhanças locais. E outra questão: Como formam as partes o Todo ? (ver post "Quem monta o Lego?"). Não pretendo responder a elas. Prefiro entregar mais informação e "entropia" ao sistema de diálogo, para que a adaptação seja mais robusta, se é que é possível. Cada um fará com ela o que desejar. Eis então alguns excertos de um texto que conheço bem (!), bem como o respectivo link:

[...] A formiga que se desloca aleatoriamente vai deixando um rasto de feromona que lhe permite encontrar o caminho de volta para o ninho. Mas se, por exemplo, encontra comida, regressa pelo mesmo trilho depositando mais feromona e elevando assim o seu nível. Qualquer formiga que passe encontra, assim, um estímulo superior ao do seu próprio rasto e converge para aquilo que, em breve, se torna num desses tão reconhecíveis carreiros com centenas ou milhares de formigas [...].

[...] Este processo de deposição/evaporação de feromona que representa uma espécie de "computação através do ambiente", cria na verdade um mapa de tipo muito diferente daqueles que conhecemos. Nos insectos sociais, que “desenham” as suas memórias espaciais no ambiente, o mapa é colectivo, não está na cabeça de nenhum indivíduo [...].

[...] Mas se cada indivíduo não possui essa capacidade, já a colónia parece agir globalmente. A tal ponto que o formigueiro pode ser visto como uma entidade independente, uma forma de vida de nível superior, possuidora de uma inteligência colectiva [...] Temos agora modelos capazes de explicar comportamentos, individuais e de massas, nos próprios humanos. A organização social ou a evolução cultural. Ou coisas tão difíceis de quantificar como sejam o gosto ou o consenso [...]. in, http://www.lxxl.pt/aswarm/caminhos.html.
posted by AntColony @ 12:29 PM

A aba de Heisenberg


O que nos move?

Pegando na frase d'a formiga de Langton como mote, "Dumb parts, properly connected into a swarm, yield smart results" (Kevin Kelly), faço uma pergunta que há algum tempo me faz comichão e que é talvez tão desconcertante quanto importante: o que nos move?

Descodificando, estou a perguntar o que nos leva a agir, ou a não agir. Porque fazemos o que fazemos? Porque reagimos de um dado modo à informação que recebemos pelos sentidos? Eu sei que praticamente tudo nos move (ou nos pára): o amor, o dinheiro, o medo, o vôo de uma borboleta, o esquecimento, os sentimentos, a beleza, o som do mar, a curiosidade, a inveja, o orgulho, a rebeldia, os princípios, os sonhos, um pôr do sol, enfim, tudo. Não é a isso que me refiro.

O que eu pergunto é: o que é que, no fundo, nos faz mover? Haverá algo de mais profundo, um algoritmo se assim se puder chamar, que nos impele a agir de um dado modo em função de um dado estímulo? (Note-se que mesmo que conhecessemos esse algoritmo, não conheceríamos necessariamente o seu resultado: continuaríamos imprevisíveis - ou previsíveis - como sempre).

Deixo o assunto para discussão (não garanto que possa contribuir muito - ando cá e lá, em férias). E deixo uma sugestão de leigo: será que o que no fundo nos move são "simples" análises custo/benefício, mesmo que inconscientes? Será que não é isso o que o nosso cérebro faz, incessantemente? Análises onde o custo é calculado a partir do conhecimento adquirido e onde o benefício é "quantificado" (por assim dizer) pela satisfação, pelo prazer?

E será que tudo o que fazemos pode ser descrito como resultando de análises custo/benefício? Posso evidentemente estar a generalizar demasiado... Por exemplo, como é que entram aqui os princípios e a cultura, que modelam o nosso modo de agir? Bem, deixo uma provocação: será que essas regras sociais não resultam elas próprias de um conhecimento social adquirido com base (inconsciente, espontânea) em análises custo/benefício?

Isto pode ser tudo um grande disparate. Felizmente estamos na silly season.
posted by Nuno : 8:53 AM

a formiga de langton


Imagem e frase do dia

"Dumb parts, properly connected into a swarm, yield smart results", Kevin Kelly.

Nota: A imagem encontra-se no blogue a formiga de langton...
posted by AntColony @ 12:23 PM

Tecnologa


Frottle: controlar o tráfego em redes wireless

O projecto Frottle (Freenet Throttle) já possui código disponível para wireless gateways Linux que utilizam iptables. A principal característica do sistema é a eliminação de colisões e do efeito hidden-node.
posted by Ant?nio

Tecnologa


Novell compra Ximian

A Novell vai passar a apoiar directamente alguns dos maiores projectos da indústria de open source, designadamente o Ximian Desktop, Evolution e Red Carpet. O projecto Gnome e Mono irão também ser beneficiados. Miguel de Icaza mantém o seu título de CTO na nova unidade «Novell Ximian Services».
posted by Ant?nio

Razao Impura


Deus e a Ciência

Podemos ler em Deus tornou-se visível:

A interpretação dada por Hubble sobre a cor das galáxias veio fornecer argumentos favoráveis à teoria do Big Bang. Se o universo está em expansão, a distância entre os seus constituintes deve ter sido menor no passado. Prolongando este raciocínio para um passado cada vez mais recuado, poder-se-á admitir que, num dado instante, tudo estaria concentrado num ponto e que no começo do mundo houve a mais violenta de todas as explosões. Uma bomba, feita com toda a matéria existente no universo, mas do tamanho de um ponto, isto é, sem dimensão, rebentou! Terá sido esta a origem do universo?

Parece paradoxal. Por um lado a dedução lógica das observações leva-nos a crer que o universo, o seu tempo e o seu espaço, nasceram do nada absoluto. Por outro é dificil de imaginar como alguma vez pôde não haver nem tempo nem espaço.

Muitos físicos acreditam no principio antrópico, que o mundo só é aquilo que o homem pode saber que é. Dentro das suas limitações. E neste sentido só vale aceitar que alguma vez o que únicamente existiu foi um Nada. Um Nem eterno, nem nano-pico-microscópico, sómente Nada, o inconcebível.

Em Motion Mountain podemos encontrar muitas explicações sobre este assunto.

A origem do significado das coisas não está na luz, na cor, no cheiro, no sabor, no tacto ou em qualquer reacção bioquímica. O significado das coisas nasce exclusivamente na mudança e é ela que faz o nosso mundo interior e exterior. Por isso não é paradoxal que não entendamos o Nada porque o nada é aquilo que não é.

Pode-se pensar que isto assim é o primeiro passo para negar qualquer intuição religiosa. O mundo é o que o homem é, e não há mais nada de especial sobre o assunto. Mas a coisa não é tão simples assim. Se há mudança como alguma vez pôde não haver? O que é de facto a acção, a mudança?

A ciência pode explicar a razão de tudo menos a razão dos seus próprios métodos. E quando o pretende fazer fá-lo sobre um abismo sem fim de razão impura.
posted by Antonio @ 23:18

segunda-feira, agosto 04, 2003

Einstein...


CIÊNCIA E RELIGIÃO XXI

Se um dos objectivos da religião é libertar a humanidade, tanto quanto possível, da servidão dos anseios, desejos e temores egocêntricos, o raciocínio científico poderia ajudar a religião em mais um sentido. Embora seja verdade que a meta da ciência é descobrir regras que permitam associar e prever os factos, não é esta a sua única finalidade. Ela procura também reduzir as relações descobertas ao menor número possível de elementos conceptuais interdependentes.
É nesta busca da unificação racional do múltiplo que a ciência logra atingir os seus maiores êxitos, embora seja precisamente esta tentativa que faz com que ela corra riscos acrescidos de se tornar uma presa das ilusões.
Posted by: Henrique / 12:33 PM

E Deus tornou-se visivel...


Pensamento de Einstein VI

Antes de Hubble, a ideia de um universo em expansão já tinha sido defendida por astrónomos e astrofísicos conceituados como o belga Lemaître, o norte-americano Gamow e o russo Friedman conhecidos como os "pais" do Big Bang.
Mas a tese destes homens não era levada muito a sério antes da interpretação de Hubble da cor das galáxias, na terceira década do século passado.
Inclusive Einstein, que ao estabelecer a sua teoria da Relatividade Geral "forçou" o seu formalismo a adaptar-se à ideia preconcebida de um universo estacionário, viria a render-se à expansão do universo. De facto, para não contrariar o paradigma do universo estacionário em que, possivelmente, Einstein acreditava, ele introduziu uma "constante cosmológica" nas suas equações de modo a garantir o desejado estado estacionário do universo.
Porém, logo que a hipótese de Hubble foi "confirmada", Einstein quis arrepiar caminho mas... tarde demais! A comunidade científica exigia agora provas da "nulidade" da constante cosmológica, uma vez que ela também serve para medir a energia do vazio que se admite ser diferente de zero.
Constatamos, uma vez mais, que aquilo a que se chama vazio pode não ser tão vazio como parece. Já me referi a esta questão a propósito da velocidade da luz na teoria electromagnética. Quer o electromagnetismo, quer a Relatividade Geral (com constante cosmológica não nula) apontam para a inexistência do vazio absoluto, ou seja, para a hipótese alternativa da existência de um "éter".
O facto de não ter sido possível "provar" a existência do éter através das experiências Michelson-Morley quererá significar que ele não existe na realidade? Por outro lado, será que a interpretação de Hubble é a única possível? Estará, de facto, o universo em expansão?
12:10 PM H. Sousa

domingo, agosto 03, 2003

Einstein...


CIÊNCIA E RELIGIÃO XX

Estou convencido que a atitude dos representantes da religião, ao propalar a ideia de um Deus pessoal, é, não só indigna, como desastrosa. Pois uma doutrina que não é capaz de se sustentar em "plena luz", mas apenas na escuridão, está fadada a perder a influência que tem sobre a humanidade, com incalculável prejuízo para o progresso humano. Na sua luta pelo bem ético, os professores de religião deveriam abrir mão da doutrina de um Deus pessoal, isto é, renunciar à fonte de medo e de esperança que, no passado, concentrou um poder tão amplo nas mãos dos sacerdotes.
No seu ofício, terão que se valer daqueles forças humanas capazes de cultivar o Bom, o Verdadeiro e o Belo. Trata-se, sem dúvida, de uma tarefa muito difícil, mas incomparavelmente mais valiosa. Quando tiverem realizado este processo de depuração, os professores de religião certamente hão-de reconhecer com alegria que a verdadeira religião ficou enobrecida e mais profunda graças ao conhecimento científico.
Posted by: Henrique / 5:29 PM

E Deus tornou-se visivel...


BIG BANG II

A observação astronómica das galáxias revela que cada uma delas tem uma cor própria. Algumas são mais avermelhadas do que outras.
No início do século passado, Hubble, astrónomo americano, reparou que, quanto mais distante de nós estiver uma galáxia, mais avermelhada ela parece. Partindo da hipótese que todas as galáxias deviam apresentar sensivelmente a mesma cor, a referida alteração de cor poderia ficar a dever-se ao facto de algumas estarem a afastar-se de nós (efeito Doppler, de que falaremos noutro post).
Num estudo mais detalhado, Hubble mostrou que é possível que, em geral, todas as galáxias estejam a afastar-se de nós, calculando mesmo a relação entre a velocidade de afastamento das galáxias e a distância a que elas se encontram. Acontece que, de acordo com as suas observações, à medida que a distância aumenta, a velocidade de afastamento aumenta proporcionalmente (se a interpretação de Hubble for a verdadeira). A ser assim, as galáxias estariam, também, a afastar-se umas das outras ou, por outras palavras, o universo estaria em expansão.
A interpretação dada por Hubble sobre a cor das galáxias veio fornecer argumentos favoráveis à teoria do Big Bang. Se o universo está em expansão, a distância entre os seus constituintes deve ter sido menor no passado. Prolongando este raciocínio para um passado cada vez mais recuado, poder-se-á admitir que, num dado instante, tudo estaria concentrado num ponto e que no começo do mundo houve a mais violenta de todas as explosões. Uma bomba, feita com toda a matéria existente no universo, mas do tamanho de um ponto, isto é, sem dimensão, rebentou! Terá sido esta a origem do universo?
2:10 PM H. Sousa

sábado, agosto 02, 2003

Tecnologa


Substituir servidores Windows por GNU/Linux

Num white paper interessante, Jon C. Leblanc fala sobre a História do UNIX, Windows e GNU/Linux e das vantagens em substituir servidores Windows por versões mais rápidas e seguras de GNU/Linux.
posted by Ant?nio

Einstein...


CIÊNCIA E RELIGIÃO XIX

Quanto mais o homem está imbuído da regularidade ordenada de todos os acontecimentos, mais firme se torna sua convicção de não haver lugar, ao lado dessa regularidade ordenada, para causas de natureza diferente. Para ele, nem o domínio da vontade humana, nem o da vontade divina existirão como causa independente dos acontecimentos naturais. Não há dúvida de que a doutrina de um Deus pessoal que interfere com os acontecimentos naturais jamais poderia ser refutada, no sentido verdadeiro, pela ciência, pois essa doutrina pode sempre procurar refúgio nos campos em que o conhecimento científico ainda não foi capaz de se firmar.
Posted by: Henrique / 3:24 AM

E Deus tornou-se visivel...


BIG BANG

Por vezes, as coisas mais simples são as mais misteriosas.
Kepler andou intrigado com o facto de o céu, à noite, se nos apresentar negro. Se o universo é infinito e existe desde sempre, sendo também o número de estrelas infinito e com uma distribuição uniforme no espaço, seria de esperar que, qualquer que fosse a direcção do céu para onde olhássemos, víssemos uma estrela. Assim, o céu à noite devia ser um manto luminoso e não um fundo negro forrado de pontos luminosos. Kepler estava longe de pensar que o universo pudesse ter uma existência espacial e temporal limitada, segundo o paradigma do Big Bang.
Herschell, o astrónomo amador que descobriu Urano (e não só!), fez a seguinte descoberta, notável para a época: considerando que a luz dos corpos celestes necessita de tempo para chegar até nós, o que nós deles observamos corresponde ao seu passado; logo, observar o que está longe é equivalente a observar o passado.
Por conseguinte, o céu nocturno não tem a aparência de um manto luminoso porque no passado o universo era negro, ou seja, possivelmente vazio de corpos radiantes. Estes terão, por isso, começado a existir em determinado instante, num passado muito recuado. Ao contrário do que supunha Kepler, os corpos celestes não existirão desde sempre.
A idade do universo está avaliada em quinze mil milhões de anos, o que significa também que o raio do universo é de quinze mil milhóes de anos-luz. Para lá desta distância nada existirá, é como se o universo tivesse uma fronteira, fronteira essa a que se convencionou chamar horizonte.
Universo infinito é incompatível com o paradigma do Big Bang.
3:18 AM H. Sousa

A aba de Heisenberg


Guerra preventiva

Concordo inteiramente com o aviso que o Rui publicou na Klepsydra sobre o aquecimento global: essa arma de destruição em massa! citando um artigo do presidente do Instituto Britânico de Metereologia. Neste artigo John Houghton compara os efeitos, globais, das alterações climatéricas ao das armas de destruição massivas.

Há uma certeza científica de que nas últimas décadas assistimos a um progressivo aquecimento global do planeta, há um consenso bastante generalizado entre a comunidade científica de que este aquecimento é provocado pela perturbação humana do equilíbrio da atmosfera, são bem conhecidos os efeitos que tal aquecimento provoca que vão desde uma "quase inocente" subida do nível médio das águas (a praia passaria da Figueira para Coimbra) até um de vários cenários mais ou menos catastróficos com largos períodos de seca, incêndios correspondentes, desertificação, aumento do número e força dos grandes fenómenos atmosféricos (cheias, tufões).

Pois bem, há então, pelo menos um forte indício de que o detonador do aquecimento global foi accionado, não se sabe se a explosão principal já se deu, se o rugido dos motores é o seu eco actual ou quando vai ocorrer no futuro. Ainda pode ser pior: caso a grande explosão se dê ninguém sabe se é possível depois recuperar o equilíbrio que se perdeu. Ainda é pior: sabe-se que não é possível recuperar grandes ecosistemas já destruídos.

Não é pouco o que está em jogo. O que vos parece de tomar medidas preventivas?
posted by PC : 8/2/2003 01:28:00 AM

Tecnologa


Saber o país de origem de um endereço IP

A Directi.com disponibiliza gratuitamente uma lista de endereços IP com o seu país de origem.
posted by Ant?nio

E Deus tornou-se visivel...


Pensamento de Einstein V

Se, no exemplo da caixa-quarto de Einstein (dado em post anterior), a mesma seguisse uma trajectória circular com velocidade uniforme, o observador poderia medir a força centrífuga a que os corpos dentro da caixa ficariam sujeitos. Qual seria, neste caso, a equivalência entre gravidade e inércia? A inércia seria, agora, a força centrífuga. Se a força centrípeta for uma força exterior que apenas actua sobre a caixa, conseguiremos medir a força centrífuga (inércia) que actua sobre os corpos dentro da caixa. Mas se a força centrípeta for proveniente de uma atracção gravítica, o observador já não consegue medir a inércia dos corpos dentro da caixa.
Este exemplo corresponde ao caso de uma nave espacial sem janelas em órbita à volta da Terra. A nave e os corpos nele contidos descrevem uma trajectória circular e no seu interior os corpos respeitam a 1.ª Lei de Newton. Imaginemos um astronauta dentro da nave, munido também de aparelhos. Conseguirá o astronauta descobrir que se encontra em órbita à volta de um planeta?
3:13 PM H. Sousa

Einstein...


CIÊNCIA E RELIGIÃO XVIII

É bem verdade que, quando o número de factores em jogo num fenómeno complexo é demasiado grande, o método científico é, na maioria dos casos, decepcionante. Basta pensarmos nas condições meteorológicas, cuja previsão, mesmo para alguns dias à frente, é impossível. Ninguém duvida, contudo, que estamos perante uma relação causal cujos componentes causais nos são, essencialmente, conhecidos. As ocorrências nesta esfera estão fora do alcance da previsão exacta devido à multiplicidade de factores actuantes, e não por qualquer falta de ordem na natureza.
Penetramos muito menos profundamente nas regularidades que prevalecem no âmbito das coisas vivas mas, de qualquer modo, o suficiente para, pelo menos, percebermos a existência de uma regra necessária. Basta pensarmos na ordem sistemática presente na hereditariedade e no efeito que provocam os venenos - como o álcool, por exemplo - no comportamento dos seres orgânicos. Aqui, o que ainda falta é uma compreensão de carácter profundamente geral das relações e não um conhecimento da ordem enquanto tal.
Posted by: Henrique / 11:47 AM

A aba de Heisenberg


Da vida extraterrestre às origens da vida: Fred Hoyle (1915-2001)

É curiosa a frase com que o Sérgio terminou o "post" anterior. De facto, começámos aqui a falar da vida extraterrestre a respeito da definição de ser vivo e já vamos nas sopas primordiais que podem ter dado origem à "vida tal como a conhecemos". É curioso porque de ideia em ideia relacionàmos por acaso as sopas com os extraterrestres e já antes muitas pessoas fizeram essa relação. Não me refiro aos cozinheiros da equipe do X-files ou a seitas, mas sim a reputados cientistas como Sir Fred Hoyle, no polémico livro "O Universo Inteligente".

Uma importante contribuição de Fred Hoyle para a ciência foi a explicação da origem dos elementos. Para além da sua importância cientí­fica, a ideia de que somos todos poeira de estrelas é de uma beleza extraordinária. Os nossos átomos formaram-se na sua esmagadora maioria no interior de estrelas que outrora explodiram. Uau.

Mas voltando às sopas criadoras de vida, Hoyle não gostava delas. Achava que era extremamente improvável que a vida surgisse por acaso no nosso planeta. Daí­ a hipótese extraterrestre: a vida poderia ter sido trazida para a Terra vinda de outra região do universo, por um meteorito, por exemplo. Até os ví­rus como o da gripe poderiam ser trazidos por meteoritos e talvez as epidemias de gripe estivessem relacionadas com a queda de meteoros. Há quem pense que por causa dessas ideias ele não ganhou o prémio Nobel, como refere o Guardian.

Outras hipóteses sobre a origem extraterrestre da vida haviam sido propostas antes de Fred Hoyle, quem tiver curiosidade tem muita leitura aqui, incluindo uma entrevista com Fred Hoyle.

Não sei em que acreditar sobre a origem da vida. Sei apenas que a "tecnologia de vida" que forma os seres vivos deste planeta é de uma complexidade e sofisticação tais que deixa a anos-luz as mais avançadas tecnologias que o homem até hoje foi capaz de produzir. A mais pequena formiga é um colosso de "tecnologia de vida". E se a ideia de que a vida veio do espaço ou pelo menos terá sido por ele "ajudada" parece exótica, a teoria de que toda esta extraordinária vida provém de uma sucessão de acasos partindo de uma sopa quí­mica primordial é no mí­nimo desconcertante. O poder do tempo será assim tão grande?
posted by Nuno : 8/1/2003 01:47:44 AM

E Deus tornou-se visivel...


Micro e macrocosmos

Do microcosmos ao macrocosmos, da sua origem ao seu fim, o universo é descrito por leis físicas compreensíveis pelo espírito humano.
Frase transcrita do livro de Heinz Pagels, "Simetria Perfeita", Gradiva, Lisboa, Fev. 1990.

O que o autor não exige é que as mesmas leis possam descrever simultaneamente os fenómenos do micro e do macrocosmos.
É bom que nos lembremos que no início do século passado a Física não conseguia explicar, de forma cabal, as propriedades dos átomos. Duvidava-se até da sua existência real. A única abordagem que trouxe uma vaga compreensão do mundo atómico e sub-atómico foi a da Mecânica Quântica com novos e estranhos conceitos que nem mesmo Einstein conseguia aceitar, embora tenha contribuído para o seu aparecimento com a interpretação que deu do efeito foto-eléctrico.
À escala do macrocosmos os fenómenos tiveram, a partir de Newton, explicações bastante aceitáveis que nos fizeram crer na previsibilidade absoluta do universo, exceptuando-se aqueles fenómenos onde o número de variáveis é de tal ordem que os nossos métodos e recursos não permitem fazer previsões fiáveis.
O Sistema Solar é exemplo de um sistema previsível cujo tratamento não requer mais do que a Mecânica de Newton podendo, para maior rigor, utilizar-se a Relatividade Geral de Einstein em alternativa. Vide o interessantíssimo simulador do sistema solar no site recomendado por Em Expansão Vertiginosa.
Uma teoria que explique todos os fenómenos, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, será relativista, quântica, as duas em simultâneo ou, pelo contrário, totalmente diferente das teorias existentes? Múltiplas dimensões espaciais? Cordas, Supercordas, Elásticos ?
5:33 PM H. Sousa